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As consultas não devem ser marcadas de imediato, isto é, já na primeira vez que se chega a uma casa de religião. E são dois os motivos para isso.
O primeiro deles é o fato de, às vezes, nem ser necessária à consulta, bastando, para a solução das dificuldades, que se freqüente as sessões coletivas de caridade. Ocorre que a energia que é passada, quer pelo Ministro espiritual, babalorixá, ou pai-de-santo e pela sua corrente mediúnica que o auxilia espiritualmente, é muitíssimo forte. Basta, então, e na maioria dos casos, que se participe das sessões de caridade com respeito e concentração máxima naquilo que se pretende alcançar. A fé, de que se falou anteriormente, é fundamental. Afinal, ela “remove montanhas”, como está escrito na Bíblia Sagrada.
Depois, há o fator confiança que deve ser considerado. Ninguém, em nenhuma casa de religião, deve marcar consulta se, entre ele e o pai-de-santo, não existir confiança absoluta e recíproca. Jogar os búzios e abrir as cartas do tarô não é brincadeira. Há pais-de-santo que dizem o seguinte: “Se não for para obedecer aos búzios, que nem se os jogue”. Assim, uma vez jogados, se eles apontarem algum problema espiritual, será necessário fazer algum trabalho, ele tem de ser oferecido às entidades indicadas. Ora, o material usado para montar o trabalho tem um custo. São usados, na sua montagem, vários produtos e todos da melhor qualidade. Na nossa casa de religião, o Ministro espiritual, babalorixá, ou pai-de-santo prima pela gratuidade, não cobra axé para consulta e nem para trabalho. É cobrado apenas e tão somente o material que será utilizado no trabalho e oferendas. Mas isso deve ser pago. No candomblé para existir a troca energética, tem que acontecer “o dar e receber”.
O que ocorre se a confiança entre as partes, consulentes e pai-de-santo, não existir? O primeiro terá seus problemas, normalmente já enormes, agravados pela preocupação da desobediência às determinações dos orixás. Ter consciência dos problemas já é bastante grave. Agravá-los ainda mais, com o sentimento de culpa, será muito pior.
Assim, entre o primeiro contato com uma casa de religião e a marcação de uma consulta, deve existir um tempo relativamente considerável. No mínimo, três ou quatro encontros, que podem, e até devem, ser em sessões coletivas de caridade. Nelas, e apenas com elas, as dificuldades podem-se resolver, em havendo muita fé. Além disso, essa é a convivência mínima e o conhecimento recíproco para que exista a necessária confiança entre as partes, o consulente e o babalorixá. Após esse prazo é que deve ser marcada a consulta, para saber quais são seus orixás, e para saber se existe algo espiritual que atrapalhe a sua vida material.
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