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O homem não é somente matéria, tampouco é somente espírito. Matéria e espírito se fundiram, na encarnação, e formaram os seres humanos todos. E a criação divina estava pronta. E era perfeita, bela, equilibrada.
Esse equilíbrio, porém, não é eterno, pois que eterno o homem não o é. Ele é frágil como frágeis são todos os seres que se põem à prova. Diante disso, muito facilmente o desequilíbrio matéria-espírito ocorre e o abala. E nada que ande em desequilíbrio terá sucesso em seus intentos. Ao contrário: os pés plantados ao chão é que darão sustentação a um esqueleto ereto, firme, forte. Do contrário, em desequilíbrio, o ser humano andará errante, perder-se-á à primeira encruzilhada e não reencontrará o caminho que poderá leva-lo à paz, ao amor, a fartura, ao sucesso.
A casa de religião existe, então, para que todos os homens a busquem e, em a buscando, retomem o equilíbrio perdido ou o preservem se ele ainda existir. Sim, porque, no momento em que a matéria e espírito não estiverem em perfeita harmonia, o homem reduzir-se-á a um traste. O homem em desequilíbrio, material e espiritualmente, é um pássaro ou uma nave sem uma das asas, cuja queda fatal será apenas uma questão de tempo.
Vê-se claro, pois, que duas são as oportunidades em que se deve recorrer a uma casa de religião: “para buscar o equilíbrio perdido ou para manter o equilíbrio alcançado”.
Como eterno não é o homem, eterno não será o seu equilíbrio. Essa é outra grande verdade.
Então, na dificuldade, vai-se à casa de religião. Nos momentos de paz, vai-se à casa de religião. É tão intensa a alegria dos deuses na ajuda, quão intensa o é na felicidade dos filhos por eles ajudados. E o homem que anda, que ri, que trabalha e que ama tem muito mais a agradecer do que pedir. Basta que olhe à sua volta e tenha olhos para a desgraça alheia.
Portanto, que se vá à casa de religião. Que se peçam graças no “Templo sagrado dos Orixás”. Que se agradeçam as graças alcançadas na casa dos pais. Não há horário e não há dia para se pedir e para se agradecer aos orixás. Por que ir a uma casa de religião? Simples: para buscar o equilíbrio perdido, pela prece de súplica, ou para conservar o equilíbrio alcançado, pela oração de agradecimento. E não se deve esquecer: o desequilíbrio “matéria-espírito” é um espelho límpido onde se refletem todos os demais desequilíbrios, nos negócios, no trabalho, na saúde, no amor. Um ser em desequilíbrio é um ser doentio, frágil e fraco. E a casa de religião existe exatamente para isto: garantir a sustentação do material e do espiritual em perfeitíssimo equilíbrio.
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