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    Os pedidos, numa “Casa de Religião Afro-Brasileira”, são feitos seguindo-se uma certa formalidade. Há, dentre todos os orixás – deuses -, um que é o mensageiro energético, o único que pode estar nos dois mundos, no terreno e no celestial, na terra e no espaço, no material e espiritual, no real e supra-real ao mesmo tempo. É o Bará-Menino, sincretizado, na religião católica, por Santo Antônio. A ele, e somente a ele, é que devem ser dirigidos os pedidos. De nada adiantará um pedido direto a Oxalá, por exemplo. Não ocorre esse contato diretamente imediato entre o ser humano e a divindade. Exceto com o Bará-Menino, é claro. Assim, se o pedido tiver de ser feito a Oxalá – veja que se trata apenas de um exemplo, pois se pede a qualquer dos orixás, dependendo de cada um e do objetivo específico do pedido – diz-se assim: “Meu bom Bará-Menino, meu mensageiro e amigo. Leva meus pedidos ao pai Oxalá e se merecedor eu for, põe nas minhas mãos o que busco aqui”. Aí sim se estabelece a ligação energética. Via Bará-Menino. Sempre.

    Em dias de sessões coletivas de caridade, o ritual se processa de forma um pouco diferente. Não são feitos, inicialmente, sem a autorização do Ministro espiritual, babalorixá, ou pai-de-santo. Desde a entrada no centro e a saudação aos orixás, a concentração deve ser uma só: “Que os orixás, por intercessão do Bará-Menino, limpem o meu corpo e destranquem os meus caminhos de todos males e energias negativas, preparando-me para os pedidos que farei, quando autorizado a faze-los”. Com esse pensamento é que se acompanham todas as atividades preparatórias aos pedidos que, desde casa, estão sendo preparados para, na hora exata, serem feitos.

    Depois de toda a assistência, ter passado pelo trabalho feito pelo Ministro espiritual, babalorixá, ou pai-de-santo, com a imposição das mãos, o mesmo solicita que todos se ajoelhem e diz “agora podem fazer seus pedidos”, é que são solicitadas as graças. Aquilo que motivou a ida à casa de religião será, então, colocado, neste momento, aos deuses.

    Nota: aqui não precisa invocar o Bará-Menino, pois o oficiante dos trabalhos e toda sua corrente mediúnica o fazem pelos fiéis. Basta que aquilo que foi mentalizado ainda em casa seja pedido aos orixás. Recomenda-se que se faça desta forma: Junta-se uma mão à outra – note-se que ainda se está na posição de agradecimento e de recebimento – e faz-se o primeiro pedido que, de preferência, deve ser para a saúde. Volta-se à posição inicial e, em seguida, juntam-se às mãos novamente e faz-se o segundo pedido, que será particular e de cada um. Voltando à posição de origem, juntam-se as mãos pela terceira vez e faz-se o terceiro pedido, que será também livre e de cada um: pelo amor, pelos negócios, pelos familiares, pelos amigos, pelos doentes dos hospitais, pelos abandonados dos asilos, pelas crianças de creches, pelos desamparados, pelos governantes, pela humanidade toda. Naturalmente que não são somente três pedidos que podem ser feitos, mas, de preferência, que se limitem a esse número todos os desejos de graças.

    Importante: em momento algum se pedirá qualquer coisa que não seja para o bem. Como já se dissera, o candomblé trabalha com entidades divinizadas e somente o faz para o bem. Ai daquele que ousar pedir o mal a quem quer que seja. Com certeza, as entidades dar-lhe-ão em dobro, como castigo.

    Feitos esses pedidos, e dessa forma, o celebrante encaminha a sessão a seu final e, então, deixa-se a casa e ou marcam-se consultas como se explicará a seguir.