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    Sempre. Na alegria, na tristeza, na felicidade, na dor. Os deuses, afinal, não escolhem dia nem horário para estarem conosco. Retribuir-lhes é apenas o todo que lhes devemos.

    Sabemos, contudo, que essa forma de portar-se não é própria da criatura humana. Ela é cheia de defeitos e de desfeitas. Seria demais supor beatas todas as pessoas. Supô-las ingrata, porém, seria ingratidão ainda mais severamente grave. O meio termo parece ser a receita mais lógica e aceitavelmente certa.

    Como se dissera há pouco, o equilíbrio é que conta na vida humana. Ele deve nortear e dar o tom na forma de conduzirem-se os homens.       Sempre que os negócios não andam bem. Toda vez que a saúde está mal. Quando os desencontros amorosos ocorrem. Sempre que existem quaisquer problemas, enfim, é porque ocorreu algum tipo de desequilibro. O material e o espiritual são os dois pratos de uma balança. Andarem equilibrados, eis a questão. Se não o estão, deve-se buscar auxílio. Onde? Na casa de religião. Lá estão assentados os deuses para o recebimento de súplica e para a distribuição, justa, das graças.

    Assim, se a pessoa não for suficientemente persistente para freqüentar com regularidade uma “casa de oração”, que recorra a ela e, sendo humilde, renove os pedidos sempre que as graças alcançadas lhes estiverem escapando pelos vãos dos dedos ou, noutro extremo, que é o caso de quem nunca esteve numa delas, sempre que houver urgente necessidade de equilíbrio. É bom não esquecer: não há males; existem sim desequilíbrios entre a matéria e o espírito, entre o corpo e a alma, entre o material e o espiritual.

    Não há momento especial, portanto, para se chegar a uma casa de religião. Basta querer sentir-se bem ou necessitar de algum tipo de auxílio.       Deve-se ter bem em mente, contudo, que não basta apenas chegar numa delas e aguardar que os deuses ponham no caminho de cada um, a paz, a bonança, o amor, a saúde, a felicidade. Urge que se tenha fé, muita fé. Mas ter fé em quem, se está chegando pela primeira vez e se, além disso, não se conhece nada acerca da religião? Deve-se ter fé em si próprio, nos seus propósitos, nas suas boas intenções . O candomblé baseia-se na trilogia do “eu quero”, “eu posso”, “eu consigo”. O indivíduo deve confiar nos deuses, mas não superestimar a bondade deles. É fundamental que cada um se ajude. O querer ajudar-se é que significa ter fé.

    Portanto, deve-se ir a uma casa de religião sempre que se tem a coragem de ter fé em si próprio, nos seus objetivos, que deverão ser sempre para o bem, e sempre que se sentir vontade de ser agradecido pelo equilíbrio já alcançado ou que se estiver em busca dele. Não esquecer de que, entre “casa de religião e tenda de milagres”, há uma distância oceânica. Deve-se lembrar, então: “A fé remove montanhas”. E é verdade. Tenhamo-la, pois!